3 de fevereiro de 2011

Pelos bigodes de Sarney!


"Sarney, salafrário, tá roubando meu salário!
Sarney, ladrão, Pinochet do Maranhão!"
- Multidão protestando contra o então presidente Sarney, em 1987 no Acre.

Nesta terça-feira o Legislativo brasileiro voltou a trabalhar (ok, forcei a barra com o 'trabalhar') e o Senado reelegeu o octogenário José Sarney para a Presidência da Casa. No Brasil todo explodiu a Revolução do Sofá e a tag #forasarney foi o assunto mais comentado no Twitter por alguns dias. E fim.

Não, essa postagem não é para criticar a boa vontade do povo brasileiro de NÃO sair da cadeira para protestar. Vou refletir como um político com 52 anos de uma vida pública de falcatruas, corrupções, nepotismos, perseguições aos adversários e apropriação de bens do povo consegue se manter na ativa e com um cargo importantíssimo.

Sarney é detentor de um poder político enorme - afinal, ele é dono de dois Estados (Amapá e Maranhão). É um verdadeiro Poderoso Chefão; sua rede de amizades permite que sua famiglia consiga qualquer coisa. Por exemplo, quando o povo maranhense preferiu Jacson Lago a Roseana Sarney nas eleições para governador em 2006, o bigodudo não descansou até seus amigos no STF tiraram o vencedor do Palácio dos Leões e o entregassem para sua filha.

Com essa 'moral' toda, não há governo federal que consiga se manter sem Sarney. Ele é uma peça importante nos bastidores fedorentos da política. E, assim como na verdadeira Cosa Nostra, Sarney não esquece um favor. Quando o PT estava atolado no próprio barro em 2005, JS usou seus superpoderes para que não fosse aberto o processo de impeachment de Lula. O mundo dá voltas, e em 2009 Sarney teve o favor retribuído - se manteve na Presidência do Senado com a ajuda do governo petista.

Diferentemente da conturbada eleição de 2009, JS foi escolhido como unanimidade para seu enésimo mandato. Apenas os senadores do PSOL não concordaram (já que eles não tem nada a perder). É uma vergonha, eu sei, mas todos os parlamentares são reféns do bigode. As lideranças partidárias fizeram um acordão e quem não o endossasse cairia em desgraça administrativa.

Na política brasileira manda quem pode e obedece quem tem juízo ou não quer perder aquele carguinho bacana numa comissão. E de poder José Sarney entende muito.

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