7 de fevereiro de 2011

O Egito unido está vencido


Que lindo, que épico! O povo egípcio se cansou de 30 anos de ditadura autocrática e secular e iniciaram manifestações nas ruas como nunca se viu. O governo de Hosni Mubarak está condenado. É só soprar que ele cai. Mas e depois, uma democracia surgirá no país dos faraós? Não.

Certamente 100% dos que estão protestando nas cidades do Egito querem o fim do governo atual, mas nem todos querem a democracia. O principal grupo de oposição é a chamada Irmandade Muçulmana, fundada nos anos 50 e pioneira dos grupos radicais islâmicos (são os inventores das táticas terroristas atuais). Seu plano de governo para o Egito pós-Mubarak é de uma teocracia rigorosamente baseada no Corão.

O Egito poderá seguir dois caminhos após o fim desta ditadura agonizante:
  • Uma Constituição democrática é promulgada, sob aprovação internacional. Eleições gerais são convocadas e os Fundamentalistas saem vencedores. Após alguns meses de governo, anunciam reformas que transformam o país em uma República Islâmica parecida com o Irã.
  • A Irmandade Muçulmana toma o poder logo depois do fim do governo de Mubarak e anunciam reformas que transformam o país em uma República Islâmica parecida com o Irã.
O que vem depois é previsível: O Egito vira inimigo mortal de Israel, apóia a aniquilação total do Estado Judeu, proíbe qualquer traço da cultura ocidental de sua sociedade, se torna amiguinho do Irã e o ajuda a fazer bombas atômicas para destruirem o mundo em nome de Alá.

Talvez não seja esse radicalismo todo. Observando as manifestações, não vi ninguém queimando a bandeira americana ou coisa do tipo. Muito pelo contrário: estavam marcando passeatas pelo Twitter. Sim, o mundo ocidental e suas tecnologias são uma ferramenta para que os radicais cheguem ao poder. Seria cômico, se não fosse trágico, ver os recém-empossados fundamentalistas censurando a mesma internet que chamou o povo para ir às ruas.

Enquanto isso, no Brasil... Para variar, os Esquerdóides Abilolados acham que o povo egípcio está simplesmente implantando uma democracia no lugar de um ditador apoiado pela Liga do Mal (Estados Unidos e Rede Globo). Quero ver a cara deles quando aquilo virar uma outra ditadura que enforca os homossexuais e apedreja as mulheres.

3 de fevereiro de 2011

Pelos bigodes de Sarney!


"Sarney, salafrário, tá roubando meu salário!
Sarney, ladrão, Pinochet do Maranhão!"
- Multidão protestando contra o então presidente Sarney, em 1987 no Acre.

Nesta terça-feira o Legislativo brasileiro voltou a trabalhar (ok, forcei a barra com o 'trabalhar') e o Senado reelegeu o octogenário José Sarney para a Presidência da Casa. No Brasil todo explodiu a Revolução do Sofá e a tag #forasarney foi o assunto mais comentado no Twitter por alguns dias. E fim.

Não, essa postagem não é para criticar a boa vontade do povo brasileiro de NÃO sair da cadeira para protestar. Vou refletir como um político com 52 anos de uma vida pública de falcatruas, corrupções, nepotismos, perseguições aos adversários e apropriação de bens do povo consegue se manter na ativa e com um cargo importantíssimo.

Sarney é detentor de um poder político enorme - afinal, ele é dono de dois Estados (Amapá e Maranhão). É um verdadeiro Poderoso Chefão; sua rede de amizades permite que sua famiglia consiga qualquer coisa. Por exemplo, quando o povo maranhense preferiu Jacson Lago a Roseana Sarney nas eleições para governador em 2006, o bigodudo não descansou até seus amigos no STF tiraram o vencedor do Palácio dos Leões e o entregassem para sua filha.

Com essa 'moral' toda, não há governo federal que consiga se manter sem Sarney. Ele é uma peça importante nos bastidores fedorentos da política. E, assim como na verdadeira Cosa Nostra, Sarney não esquece um favor. Quando o PT estava atolado no próprio barro em 2005, JS usou seus superpoderes para que não fosse aberto o processo de impeachment de Lula. O mundo dá voltas, e em 2009 Sarney teve o favor retribuído - se manteve na Presidência do Senado com a ajuda do governo petista.

Diferentemente da conturbada eleição de 2009, JS foi escolhido como unanimidade para seu enésimo mandato. Apenas os senadores do PSOL não concordaram (já que eles não tem nada a perder). É uma vergonha, eu sei, mas todos os parlamentares são reféns do bigode. As lideranças partidárias fizeram um acordão e quem não o endossasse cairia em desgraça administrativa.

Na política brasileira manda quem pode e obedece quem tem juízo ou não quer perder aquele carguinho bacana numa comissão. E de poder José Sarney entende muito.

1 de fevereiro de 2011

Os verdadeiros filhotes da ditadura

Figueiredo: "Lula, eu sou seu pai"!

1989. No debate de uma eleição com 22 candidatos (como Collor, Lula, Covas, Enéias e até Silvio Santos), Paulo Maluf e Leonel Brizola trocaram agradáveis insultos. Em um deles, o ex-governador gaúcho qualificou o ex-governador paulista de 'filhote da ditadura'. O que Brizola queria dizer é que tanto Maluf quanto outros políticos da época só alcançaram importância na vida pública por estarem sob a proteção do governo militar, já que sustentaram o mesmo.

Vinte e dois anos depois, Collor e Lula são ex-presidentes 'amigos', Maluf continua batendo ponto em Brasília, Enéias e Brizola deixaram este plano e Silvio Santos está falindo. A expressão 'filhote da ditadura' ainda é usada (geralmente por esquerdóides, petistas e outras drogas) para designar políticos que fizeram carreira graças aos militares. Mas o que muitos não percebem é que essa expressão se encaixa melhor nos políticos que lutaram contra o Regime Militar e, em sua maioria, estão mamando no governo Dilma.

O próprio ex-presidente Lula, por exemplo. Foi lutando contra os Generalíssimos que apareceu na televisão fazendo a fama que permitiu a ele ser eleito para 1 (hum) mandato de Deputado Federal em 1986. Na sua legislatura, procurou fazer barulho, atrair holofotes para seu partido, arrastar a elaboração da Constituição Federal para no fim das contas rejeitá-la por ser 'burguesa'. Depois dessa gloriosa passagem pelo Legislativo, se lançou candidato a Presidente em 1989 - sendo eleito 13 anos depois.

Podemos imaginar que, sem a Ditadura Militar, não haveria greve de metalúrgicos, não haveriam comícios por liberdade e muitas reformas dos anos 90 poderiam ter sido feitas mais cedo. Não haveria muitos meios de catapultar um operário barbudo que não sorria ("Eu não sou miss para ficar sorrindo") à presidência. Talvez seria apenas mais um torcedor do Corinthians.

Outras figurinhas do PT, PMDB e adjacências também podem ser considerados 'filhotes da ditadura'. Fizeram fama na juventude pedindo democracia e moralidade, mas quando chegaram lá rasgaram o discurso que faziam e trataram de levar vantagem em tudo - a única lei que seguiram foi a Lei de Gérson.

Há, é claro, 'filhotes da ditadura' também nos partidos de oposição. Mas são exceção, enquanto que na base aliada são regra. Durante o regime, a maioria deles fizeram alguns protestos estudantis, de âmbito local. Alcançaram o renome que tem hoje com suas próprias pernas já na democracia.

Quem os esquerdóides chamam de 'filhotes da ditadura' hoje são políticos com a imagem arranhada, que conseguem até alguns cargos e umas propinas. Mas, comparados com a ladroagem da turma que está no poder, as verdadeiras crias dos militares, são uns pobres coitados.

Grande inauguração

Eu sentia falta de um espaço para desabafar minhas linhas de pensamento, que estavam excedendo os 140 caracteres do Twitter. Não sei o porquê, mas hoje me bateu o ânimo de reabrir um blog pessoal e suprir essa carência.

Aguardem minhas próximas palavras; tenho bons assuntos para conversar, eu acho.